Os princípios e diretrizes para uma compostagem bem-sucedida

A compostagem, como tecnologia socioambiental sustentável cientificamente comprovada e tecnologicamente adequada, consiste em criar condições, sendo recomendável esta relação C/N favorável em torno de 30/01.

Portanto, quanto maior a diversidade de materiais naturais para a preparação do composto, melhor a qualidade do produto final em termos nutricionais, em seus aspectos físicos e químicos. No entanto, quando esta matéria-prima in natura não é tratada adequadamente e o processo de compostagem não segue algumas “regras” padrão, o processo não é concluído com sucesso.

Problemas durante a compostagem surgem devido ao descuido no manuseio. Deixar a matéria-prima exposta a intempéries descontroladas pode levar à sua decomposição insuficiente ou semi-decomposição.

Nesse caso, pode causar a perda irrecuperável de seus elementos férteis, por meio da solubilização e lixiviação de nutrientes solúveis.

Além disso, com o manejo inadequado, essa matéria-prima semidecomposta também pode causar sérios impactos ambientais, como:

1) Contaminação das águas superficiais e subterrâneas, através do transporte de partículas minerais e orgânicas do solo hospedeiro;

2) Favorecer o desenvolvimento de populações de insetos nocivos e roedores, além de microrganismos indesejáveis, que consumirão os nutrientes disponíveis na matéria orgânica. Isso reduzirá as reservas de nutrientes para as plantas e, portanto, as enfraquecerá.

Isso pode ser uma das causas do aumento do número de roedores e insetos nocivos nas áreas de compostagem, e também, como a expansão de doenças, como a murcha do café, mosaico da mandioca, doenças em bananeiras, hortaliças, tomateiros , e outros.

Portanto, o composto orgânico resultante produzido com o correto processo de compostagem tem a vantagem de ser um fertilizante natural barato (custo quase zero), ecologicamente correto e de fácil obtenção. Essas observações (roedores, insetos e doenças) e também as dificuldades de obtê-las contrariam os principais objetivos da compostagem, que são:

1) Substituir fertilizantes químicos, com vantagens econômicas, sociais e ambientais;

2) Reduzir a quantidade de resíduos produzidos na produção agrícola;

3) Reduzir a poluição ambiental.

As condições exigidas na implementação da compostagem adequada.

Os princípios e diretrizes para uma compostagem bem-sucedida

Formação Participativa em Moçambique

O local escolhido para a compostagem deve:

1- Ser de fácil acesso;

2- Estar próximo ao local de armazenamento dos materiais animais e vegetais que serão utilizados como componentes básicos;

3- Esteja perto de uma fonte de água. Isso é necessário porque os materiais precisam estar úmidos, pois a pilha de compostagem cresce em camadas sucessivas de material vegetal e esterco animal, e também quando toda a pilha é revirada completamente, o que ocorrerá periodicamente a cada dois dias;

4- Estar em local com pouca declividade (até 5%), para facilitar o preparo e manuseio da pilha de compostagem (revolvimento periódico), ao mesmo tempo em que permite o escoamento natural das águas pluviais.

-Atenção: Áreas mais baixas suscetíveis a alagamentos devem ser evitadas.

A compostagem pode ser feita em terreno aberto e em chão sujo, sendo desnecessário um piso pavimentado. Um bom lugar pode ser a sombra de uma grande árvore.

Locais com ventos intensos e constantes não são recomendados;

Material adequado para o processo de compostagem

1) Todos os restos vegetais de plantações, jardins e pomares (incluindo flores caídas e frutas descartadas);

Aparas de relva e pequenos arbustos verdes;

Folhas de plantas residentes e/ou nativas são preferidas.

2) Excrementos de animais em geral, exceto cães e gatos;

(De preferência estrume de bovinos, caprinos, coelhos e possível de galinhas, cavalos e porcos);

Cinzas de fogão a lenha, cascas de frutas e legumes e cascas de ovos.

Importante: Materiais que não devem ser usados para produção de compostagem:

1) Estrume de cães, cachorros e/ou gatos;

2) Eucalipto. O eucalipto é a única hortaliça estritamente proibida de ser adicionada ao composto, inclusive suas folhas. Portanto, não utilize derivados do eucalipto (folhas, arbustos, cascas, cavacos, raízes, serragem e maravalha), em hipótese alguma;

(Nota: O eucalipto libera no meio ambiente uma grande variedade de metabólitos primários e secundários provenientes de folhas, raízes e restos vegetais (decompostos ou não), que são capazes de interferir diretamente no crescimento de outras plantas e até mesmo de cultivos agrícolas. Esse fenômeno natural é chamado Alelopatia).

3) Talos inteiros, arbustos grossos, cascas de árvores volumosas, maravalha, serragem e maravalha tratada com agrotóxicos em geral ou envernizada/pintada/oleada;

4) Matéria orgânica como peles, couros, carnes e ossos;

5) Restos de alimentos cozidos/fritos/assados.

Lembre-se de remover vidros, pedras, metais, baterias e plásticos.

Sabe-se que a presença de sementes de plantas invasoras, pragas e patógenos que interferem negativamente na produção agrícola também são considerados agentes indesejáveis. No entanto, patógenos e sementes de plantas invasoras podem ser eliminados por meio do processo de compostagem completo, quando conduzido corretamente.

Recomendações para a composição da pilha de compostagem

Os princípios e diretrizes para uma compostagem bem-sucedidaOs princípios e diretrizes para uma compostagem bem-sucedida

A montagem das estacas deve obedecer a seguinte sequência:

Manuseio de pilha de compostagem

Empilhar em camadas (restos vegetais-esterco animal).

1- Distribua a primeira camada de material vegetal no solo, com aproximadamente 20 centímetros de altura e 1,80 a 2,00 metros de largura. O comprimento da leira pode variar de acordo com a quantidade de materiais disponíveis para compostagem.

Molhe uniformemente, antes de colocar a próxima camada, que deve ser de esterco animal;

2- Sobre essa primeira camada de material vegetal, distribua uma camada de esterco animal, com aproximadamente 10 centímetros de altura;

3- Repita as duas operações anteriores para obter uma pilha de camadas sucessivas de hortaliças e esterco, com aproximadamente 1,20 a 1,50 metros de altura, mas que pode ser ajustada conforme conveniência e fácil manuseio;

4- Cubra a pilha acabada com palha seca ou lona plástica para protegê-la das intempéries e manter a umidade e temperatura da compostagem nos níveis desejáveis.

Nota: Se houver cinza de fogão a lenha, esta pode ser polvilhada manualmente entre cada camada dupla (vegetal/esterco).

Se houver frutas descartadas, elas devem ser picadas e espalhadas nas camadas de vegetais. É necessário remover os caroços grandes (de manga, abacate, etc).

A cada dois dias, revire toda a pilha e sempre umedeça (sem encharcar) após cada revolvimento. Jogue a água em cima da pilha e depois cubra.

Os princípios e diretrizes para uma compostagem bem-sucedida

Manuseio de pilha de compostagem

Tempo de compostagem

O tempo necessário para a transformação da matéria-prima em matéria orgânica depende de vários fatores, mas principalmente da umidade e da temperatura. Quanto maior o controle das condições de temperatura e umidade, mais rápido será o processo de decomposição pelos digestores, microrganismos aeróbicos.

Sabe-se que o composto deve ser estabilizado em 30 a 60 dias e maturado em 90 a 120 dias. Após esse período estará pronto para uso.

Nota-se que o composto está pronto para ser utilizado quando estiver solto e com cheiro de terra. Ao esfregar o composto entre as mãos, elas não ficam sujas como se o composto ainda estivesse na forma de uma pasta pegajosa.

Umidade

Uma das formas de verificar o teor de umidade é espremer um punhado do composto com as mãos: Se ele tiver uma concentração adequada de água, poderemos sentir a umidade e a agregação do material, que formará uma “ scone”, sem que a água escorra pelos dedos.

A umidade inicial deve estar entre 55 e 60%, com mínimo de 40%;

Umidade ideal: 55%;

Umidade maior que 60%: deve-se revirar a pilha;

Umidade inferior a 40%: irrigar a pilha.

Temperatura

Temperatura e transformações.

A temperatura desejável varia de 60°C a 70°C nos primeiros 25 dias de compostagem. Então, naturalmente, a temperatura diminuirá até os níveis de temperatura ambiente.

A temperatura e a umidade podem ser avaliadas com uma barra de ferro de construção inserida no meio da pilha, de cima para baixo.

A barra deve ser retirada da pilha, após alguns minutos (de dois a três). Enquanto removido e tocado, observe se

1- Está quente e úmido. Neste caso, não há necessidade de molhar a pilha de compostagem até a próxima reviravolta;

2- Se estiver seco, provavelmente estará frio também e então a pilha deve ser molhada novamente até que a água esteja na base da pilha. Tenha cuidado para não drená-lo abundantemente.

(Lembre-se sempre: muita água é tão prejudicial quanto pouca).

Peneira

Os princípios e diretrizes para uma compostagem bem-sucedidaA partir do momento em que a pilha é considerada “composteira” e, portanto, pronta para ser utilizada, toda a pilha deve ser peneirada conforme mostra a foto ao lado. O material resultante do peneiramento passa a ser chamado de “Compostagem ou Composto” e está pronto para ser utilizado como adubo orgânico de excelente qualidade, inofensivo ao homem, aos animais e ao meio ambiente.

Isso é Compostagem:

Economicamente viável. Ecologicamente Adequado. Socialmente Justo. Culturalmente Apropriado. Tecnologicamente Adequado e Comprovado Cientificamente.

A próxima tecnologia socioambiental sustentável a ser apresentada será na forma líquida, também muito rica em nutrientes naturais e minerais provenientes de matérias-primas orgânicas, além de possuir propriedades defensivas.

É nomeado como BIOFERTILIZANTE (BIOPESTICIDA).

  • Manuseio da pilha de compostagem
  • Empilhar em camadas (restos vegetais-esterco animal).

 

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